O poder transformador do autorretrato
Antes do Facebook, os selfies eram chamados de autorretratos, e só eram exibidos vez ou outra, em situações eventuais, como em uma exposição de um renomado artista. Agora eles estão por toda parte: basta um acesso rápido em uma rede social no celular. Hoje todos os nossos amigos fazem selfie e o resultado disso é uma desvalorização do ato de se produzir um autorretrato. Se depender de você, de mim e de nossos inúmeros amigos, teremos um feed de notícias inteirinho de pessoas felizes e sexys apontando o que comeram naquele dia, o pôr-do-sol que vislumbrou, a nova manobra que executou em seus treinos ou como é bem-sucedido em seu trabalho.
O fato é que o selfie faz parte do mundo contemporâneo e ocupará as telinhas dos notebooks e celulares enquanto houverem as redes sociais. Mas engana-se quem pensa que a prática é revolucionária ou que possui o mesmo teor que o autorretrato do artista.
Tal atividade sempre esteve presente no universo das artes, em especial na pintura e na fotografia. Historiógrafos indicam Robert Cornelius (1809 – 1893) como pioneiro do autorretrato. Desde então, o movimento foi crescendo e foi sendo aderido por desconhecidos e celebridades em todos os cantos do mundo.
Primeiro autorretrato Robert Cornelius – 1839
Nadar (1820 – 1910) também merece ressalto neste artigo pois especula-se que foi o primeiro fotógrafo a extravasar e exprimir em suas fotografias traços significativos da sua personalidade, onde se esforça para se mostrar para a aristocracia parisiense como um fotógrafo bem-sucedido.
Autorretrato Felix Nadar – 1865
Já a fotógrafa Vivian Maier (1926 – 2009) exibiu em seus autorretratos sua biografia extraordinária de babá e fotógrafa, deixando fotos belíssimas das ruas de Chicago e Nova York. Em suas imagens, teoricamente singelas e despretensiosas, há um verdadeiro estudo sobre como usufruir da melhor forma possível todos os recursos disponíveis para a produção de registros com diferentes níveis de leitura.
Autorretrato Vivian Maier – 1954
Como podemos notar, o autorretrato sempre conduziu o artista em seu desejo de eternizar a própria existência. Na história da fotografia quase todos os fotógrafos já se registraram. Não só na história da fotografia, mas também na história da pintura. Rembrandt explorou massivamente a prática do autorretrato em suas pinturas.
Autorretrato de Rembrant – 1660
O que muitos não percebem é que produzir autorretratos permite ao fotógrafo a prática de suas capacidades e habilidades, procurando a individualidade na linguagem pessoal, apresentando ao espectador o ser humano que há atrás da câmera fotográfica. Se no retrato comum há um afastamento entre fotógrafo e objeto, no autorretrato os dois se conectam e se transformam em um só, fato que permite ao fotógrafo o autoconhecimento.
Autorretrato Rebecca Francoff – 2015
O Casal
Ela é de Brasília. Ele, de Belo Horizonte. Ela tem formação artística baseada em pintura e literatura. Ele já foi criado na música e no cinema. Ela gosta de MPB. Ele gosta de Jazz. Mas foi na fotografia que ambos se encontraram.
Especialistas em docência fotográfica, colecionam 14 anos de experiência em ensino artístico. Juntos são O Casal da Foto, uma dupla inseparável, ávidos por ensinar tudo o que aprenderam ao longo de suas carreiras e transformar a forma de se lecionar e aprender fotografia.
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