Última jornada: fotógrafo brasileiro é enterrado aos pés da montanha que amava

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Edson Vandeira, referência em fotografia de aventura, foi sepultado em Yungar, no Peru, próximo ao nevado Artesonraju, onde perdeu a vida durante uma expedição. A cerimônia íntima celebrou sua conexão profunda com as montanhas, encerrando uma trajetória marcada por imagens poderosas e espírito explorador.

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Um adeus em meio às cordilheiras

A despedida aconteceu em clima de respeito e emoção. O local do sepultamento, em frente à imponente Cordilheira Blanca, não foi escolhido por acaso. Segundo a família, era desejo de Edson – e também de seus entes queridos – que ele permanecesse junto à paisagem que tanto amava fotografar.

“Nosso desejo era de que ele continuasse na montanha, por ser a grande paixão dele”, afirmou sua irmã, Jackeline Vandeira. “O Edson sempre pertenceu à montanha, e isso nos conforta.”

A tragédia e a busca

Edson e dois montanhistas peruanos, Pretel Alonzo Homer Efraín e Picón Huerta Jesús Manuel, estavam desaparecidos desde 1º de junho, quando iniciaram uma rota técnica rumo ao cume do Artesonraju, um dos picos mais icônicos dos Andes, com 6 mil metros de altitude. Mais de 20 dias se passaram até que seus corpos fossem localizados, encerrando uma busca que mobilizou familiares, autoridades e a comunidade de montanhistas internacionais.

Uma vida dedicada à imagem e à altitude

Natural do Brasil, Edson Vandeira fez da montanha seu lar e da fotografia sua missão. Morando em Huaraz, cidade ao pé dos Andes peruanos, ele uniu arte, resistência e paixão em cada trabalho. Seu portfólio inclui colaborações com a National Geographic e o History Channel, além de projetos pessoais que exploravam a relação entre ser humano e natureza extrema.

Finalista do Wildlife Photographer of the Year, em 2021, por uma série sobre os incêndios no Pantanal, ele também participou, como personagem e cinegrafista, da série Andes Extremo, exibida em toda a América Latina.

Recentemente, formou-se como guia de montanha pelo Centro de Estudos de Alta Montanha (CEAM), e foi justamente por paixão à escalada que partiu para sua última expedição.

Homenagens e legado

Amigos, colegas de profissão e fotógrafos ao redor do mundo prestaram homenagens nas redes sociais. Imagens feitas por Edson estão sendo compartilhadas como forma de manter viva a memória de alguém que, nas palavras de muitos, “enxergava com os pés na rocha e o coração na lente”.

Pretel e Picón, os dois montanhistas que o acompanhavam, também foram sepultados em seus locais de origem. O gesto final de enterrá-los perto das montanhas reforça a devoção compartilhada por aqueles que vivem para tocar o céu — e o fazem com coragem.

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