Kodak vira febre entre jovens na Coreia do Sul com roupas inspiradas em fotografia

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Marca icônica da fotografia renasce como grife de streetwear vintage em mais de 120 lojas no país asiático.

A lendária Kodak, símbolo máximo da fotografia analógica no século XX, está de volta — mas não exatamente como muitos imaginam. Na Coreia do Sul, a empresa se reinventou como uma marca de moda urbana retrô, com mais de 123 lojas físicas da Kodak Apparel, vendendo desde camisetas com o icônico logotipo até bonés, óculos e mochilas. O sucesso é tanto que não existe sequer uma loja do tipo nos Estados Unidos, berço original da empresa.

O fenômeno faz parte de uma tendência cultural chamada “newtro” — a fusão de “novo” e “retrô” —, extremamente popular entre os jovens sul-coreanos. Para essa geração, a Kodak representa nostalgia, autenticidade e estilo visual ligado à cultura do filme fotográfico.

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Da fotografia à moda: como a Kodak voltou ao radar

Após declarar falência em 2012, a Kodak concentrou-se novamente em seus negócios centrais: filmes fotográficos e impressão comercial. Mas silenciosamente, um braço da empresa — o licenciamento de marca — começou a crescer. Só em 2024, esse setor gerou US$ 20 milhões, valor ainda modesto perto dos US$ 1 bilhão de faturamento total, mas que representa um crescimento de 35% nos últimos cinco anos.

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Na Coreia do Sul, a Kodak Apparel virou referência em streetwear com estética vintage. Peças como camisetas de bolso, polos estampadas com câmeras e designs inspirados em cartuchos de filme se tornaram objetos de desejo entre jovens fashionistas. As lojas vendem até mesmo itens inusitados como lanternas, geradores solares e tinta — todos com o selo retrô da Kodak.

“A Kodak não perdeu seu toque emocional”, declarou o sul-coreano Lee Young-ji ao The New York Times.

Fotografia como identidade de estilo

Para fotógrafos e criativos, o renascimento da Kodak na moda é mais do que uma curiosidade: é um sinal do poder simbólico da imagem analógica na era digital. A estética “fotográfica” virou linguagem visual e também referência cultural e de estilo. A geração que nunca usou uma câmera de filme agora veste a marca como uma afirmação de identidade visual.

E a Kodak sabe disso. A vice-presidente de licenciamento global da empresa, Clara Fort, afirmou ao The Times que a marca continuará expandindo o portfólio, sem abandonar sua essência imagética.

“Nosso portfólio começa com fotografia e imagem, mas é muito mais amplo do que isso”, diz Fort.

Renascer ou descaracterizar?

Apesar do sucesso fashion, alguns especialistas alertam para o risco de diluição da marca. Timothy Calkins, professor de marketing da Northwestern University, vê na expansão um reflexo da decadência da empresa:

“É um pouco triste. Isso mostra até que ponto a Kodak perdeu sua posição de liderança.”

Mas para fotógrafos e admiradores do analógico, a popularidade da Kodak nas vitrines de Seul pode representar uma ponte visual entre gerações — e talvez até um empurrão para o renascimento da fotografia em filme, que segue em crescimento global.

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