Drone registra momentos cruciais do resgate de brasileira em vulcão ativo na Indonésia
Uma operação de resgate dramática ganhou visibilidade internacional após imagens aéreas capturadas por drones mostrarem o salvamento de Juliana Marins, brasileira que caiu em uma cratera no vulcão Monte Rinjani, na ilha de Lombok.
Além do impacto da tragédia, o caso levanta questões importantes sobre o papel da fotografia em situações de emergência, os limites éticos das imagens capturadas e como a tecnologia tem sido fundamental para documentar, informar e salvar vidas.
Notícias de Última Hora:
- O acidente
- A imagem que informa e salva
- 9 mortes em 5 anos: por que o Monte Rinjani é tão perigoso?
- Fotografia de tragédia: onde estão os limites?
- Tecnologia e fotografia em áreas de risco
- O cuidado ao visitar e fotografar lugares perigosos

O acidente
Juliana, publicitária e viajante experiente, sofreu uma queda durante uma trilha nas encostas íngremes do Monte Rinjani, um dos vulcões mais altos e ativos da Indonésia. A operação de resgate mobilizou equipes locais, helicópteros e drones, que tiveram papel central tanto na localização da vítima quanto na documentação do processo.
As imagens captadas pelos drones mostraram Juliana em uma área de difícil acesso, o que possibilitou que as equipes elaborassem um plano eficaz para o resgate. Os vídeos rapidamente se espalharam pelas redes sociais e portais de notícia, comovendo milhares de pessoas ao redor do mundo.
A imagem que informa e salva
Neste caso, a fotografia transcendeu sua função estética habitual, tornando-se uma ferramenta essencial para o resgate e para sensibilizar o público. Drones equipados com câmeras de alta resolução foram os “olhos” das equipes de salvamento em um terreno praticamente inacessível.
Um dos socorristas declarou à imprensa local que “a imagem aérea nos deu a localização exata e nos ajudou a calcular o tempo e os riscos envolvidos na operação”.
Além de auxiliar tecnicamente, o registro visual trouxe transparência e maior alcance midiático para a operação, criando uma narrativa que mobilizou o público e pressionou as autoridades pela agilidade necessária.
9 mortes em 5 anos: por que o Monte Rinjani é tão perigoso?
A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, voltou a expor os riscos deste destino desafiador para montanhistas no Sudeste Asiático.
Juliana caiu em um desfiladeiro na sexta-feira (20/6), enquanto fazia o percurso rumo ao cume do vulcão. Desde então, equipes de resgate tentavam localizá-la em meio a terreno acidentado, falésias e condições climáticas instáveis. Ela foi encontrada morta no quarto dia de buscas, conforme comunicado da família no dia 24 de junho.
De acordo com a Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia, Juliana foi encontrada por um socorrista a cerca de 600 metros de profundidade. O resgate do corpo, devido às condições meteorológicas adversas, só foi realizado na manhã seguinte, no dia 25.
O Monte Rinjani é conhecido por seu terreno desafiador e clima imprevisível, que pode surpreender até montanhistas experientes. Neblina, chuvas e ventos fortes são comuns, dificultando a escalada e as operações de resgate.
Nos últimos cinco anos, pelo menos outras oito mortes foram registradas na região, incluindo quedas em desfiladeiros profundas e acidentes em rotas ilegais. O governo da Indonésia registrou um total de 180 acidentes no parque, sendo 60 somente em 2024, o ano com o maior número de incidentes no período. Entre eles, 44 envolveram turistas estrangeiros.
O aumento de visitantes ao parque, apesar de gerar benefícios para a comunidade local, também aumenta os riscos de acidentes que podem resultar em ferimentos graves ou morte. Em setembro de 2016, cerca de 400 turistas tiveram que ser evacuados após o vulcão entrar em erupção.
Com mais de 3.700 metros de altitude, o Monte Rinjani é o segundo maior vulcão da Indonésia e famoso pelas trilhas íngremes, com trechos estreitos junto a penhascos e solos arenosos que elevam o perigo. A montanha é recomendada apenas para trilheiros experientes, já que as trilhas apresentam ravinas íngremes e áreas escorregadias.
Os escaladores geralmente iniciam a subida ainda de madrugada, com lanternas que oferecem pouca visibilidade, e são acompanhados por guias locais. Mesmo assim, as condições do terreno, combinadas ao clima instável, aumentam muito os riscos. Todo o trabalho de resgate depende de equipes que se deslocam a pé, dada a inacessibilidade da região para veículos motorizados.

Fotografia de tragédia: onde estão os limites?
O caso também abre um debate fundamental sobre os limites da fotografia em momentos de dor e sofrimento. Muitos registros do acidente foram amplamente compartilhados — inclusive imagens da vítima ferida, sozinha na cratera.
Embora o interesse jornalístico seja compreensível, existem críticas pertinentes quanto à exposição do sofrimento humano sem o devido contexto ou consentimento. A reflexão necessária é: a fotografia em situações-limite serve para promover empatia e conscientização ou corre o risco de se tornar mero espetáculo?
Tecnologia e fotografia em áreas de risco
Cada vez mais, fotógrafos de aventura e documentaristas incorporam drones, localizadores via satélite e sensores térmicos em suas expedições. Além de gerar registros únicos da natureza, esses recursos funcionam como instrumentos de sobrevivência diante do inesperado.
No caso de Juliana, que infelizmente não sobreviveu após a queda no Monte Rinjani, é importante destacar que ela não caiu por estar fotografando. Sabemos que não houve relação entre sua atividade fotográfica e o acidente. Ainda assim, o episódio reforça um alerta fundamental para todos que atuam em ambientes extremos: não basta apenas técnica e paixão, é imprescindível planejamento cuidadoso, uso de equipamentos adequados e, acima de tudo, consciência plena dos riscos envolvidos. A busca por imagens incríveis jamais deve comprometer a segurança pessoal.
O cuidado ao visitar e fotografar lugares perigosos
Visitar e fotografar lugares desafiadores como o Monte Rinjani exige muito mais do que equipamento e vontade de capturar imagens incríveis. Exige respeito ao ambiente, consciência dos próprios limites e responsabilidade com a segurança própria e dos outros.
É fundamental planejar cada passo, conhecer a rota, informar-se sobre o clima e condições do terreno, e nunca subestimar o perigo — especialmente quando a busca por uma boa foto pode levar à imprudência.
Além disso, o fotógrafo deve sempre lembrar que a vida está acima da imagem. Em situações de risco, priorizar a segurança é um dever, e o momento da captura da foto deve estar sempre alinhado a essa prioridade.
O uso de equipamentos como drones, GPS, rádios de comunicação e acompanhamento por guias experientes pode ser decisivo para evitar acidentes. Porém, mesmo com tecnologia, o bom senso e a preparação são insubstituíveis.

A tragédia no Monte Rinjani reforça que a fotografia é uma linguagem poderosa — capaz de tocar, informar, denunciar e até salvar vidas. Contudo, esse poder exige responsabilidade redobrada, sobretudo quando envolve pessoas em situações de risco.
Nesse contexto, os drones deixam de ser apenas gadgets tecnológicos para se tornarem aliados da narrativa e da ação humanitária, mostrando que a imagem pode ser um instrumento essencial para a preservação da vida e para o despertar da consciência coletiva.