Cubismo: Obras, Artistas e Características

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Imagine olhar para uma cena e conseguir enxergá-la de vários ângulos ao mesmo tempo. Agora imagine representar essa visão múltipla em uma única imagem. Essa é a essência do Cubismo, um dos movimentos artísticos mais influentes do século 20 — e uma fonte riquíssima de inspiração para quem deseja romper com o convencional na arte e na fotografia.

O QUE VOCÊ VAI APRENDER NESTE ARTIGO:

O que é o Cubismo?

O Cubismo surgiu entre 1907 e 1914, criado por dois grandes nomes da arte moderna: Pablo Picasso (espanhol) e Georges Braque (francês). Ambos romperam com a ideia tradicional de que a arte deve imitar a natureza. Em vez de usar perspectiva e profundidade para criar a ilusão de tridimensionalidade, os cubistas valorizavam a bidimensionalidade da tela e representavam os objetos por meio de formas geométricas fragmentadas.

Essa abordagem inovadora deu origem a um estilo visual que reorganizava os elementos visuais da realidade de maneira analítica, quase científica, mas sem perder o caráter artístico e criativo.

Como surgiu o termo “Cubismo”?

O nome “Cubismo” foi cunhado pelo crítico de arte francês Louis Vauxcelles, ao observar os quadros de Braque pintados em 1908. Ele se referiu às formas geométricas presentes nas obras como “pequenos cubos”. A partir daí, o termo se espalhou e passou a identificar esse novo modo de ver e representar o mundo.

Além da influência direta de Cézanne, os primeiros trabalhos cubistas também dialogavam com a arte africana e outras expressões não ocidentais, principalmente no uso da distorção estilizada das figuras, como é visível na icônica obra de Picasso, Les Demoiselles d’Avignon (1907).

As duas fases do Cubismo: Analítico e Sintético

O Cubismo se desenvolveu em duas fases principais:

1. Cubismo Analítico (1910–1912)

Nesta fase, os artistas passaram a “analisar” os objetos, fragmentando-os em pequenas formas geométricas e representando-os em tons neutros — marrons, cinzas e pretos. Mesmo que a figura fosse decomposta, ainda era possível identificar o objeto representado: garrafas, violões, cartas, jornais, rostos.

As composições tinham um aspecto quase abstrato, e muitas vezes incluíam letras ou palavras como parte da imagem.

2. Cubismo Sintético (a partir de 1912)

Com a técnica do papier collé (papel colado), introduzida por Picasso e Braque, o Cubismo entrou em uma nova fase. Aqui, os elementos não precisavam mais ser fragmentados em pequenas partes: formas maiores, com cores mais vivas, eram coladas ou desenhadas diretamente na obra, sugerindo objetos sem a necessidade de reconstituí-los visualmente.

Essa abordagem abriu caminho para colagens e montagens, revolucionando não apenas a pintura, mas também o design gráfico e a fotografia.

Artistas importantes do Cubismo

Embora Picasso e Braque tenham sido os fundadores, muitos outros artistas participaram e enriqueceram o movimento:

  • Juan Gris, com suas composições geométricas equilibradas e coloridas.
  • Fernand Léger, que incorporou elementos industriais e mecânicos.
  • Jean Metzinger e Albert Gleizes, teóricos e praticantes do Cubismo.
  • Roger de la Fresnaye, Diego Rivera, Robert e Sonia Delaunay — todos experimentaram a linguagem cubista de formas únicas.
  • Na escultura, nomes como Alexander Archipenko e Jacques Lipchitz levaram os princípios cubistas ao tridimensional.

Cubismo e fotografia: existe relação?

Sim — e muito mais próxima do que parece.

Embora o Cubismo tenha nascido na pintura, seus conceitos ecoaram na fotografia de múltiplas formas, especialmente nas composições geométricas, fragmentadas e não convencionais que surgiram com o modernismo fotográfico.

Fotógrafos influenciados pelo Cubismo exploraram:

  • Múltiplos pontos de vista numa mesma imagem.
  • Sobreposição de elementos, como nas colagens e fotomontagens.
  • Desconstrução da figura, criando imagens mais abstratas e gráficas.
  • Composições estruturadas por linhas e formas, com forte apelo visual.

Essa herança cubista continua viva em projetos editoriais, capas de álbuns, editoriais de moda e até na fotografia de arquitetura e produtos.

Como aplicar ideias cubistas na sua fotografia

Se você quer experimentar o Cubismo com sua câmera, aqui vão algumas sugestões práticas:

  • Brinque com múltiplas exposições ou colagens digitais para representar diferentes ângulos de um mesmo objeto.
  • Desmonte a realidade em partes — fotografe detalhes de um objeto e depois una tudo em uma composição gráfica.
  • Use elementos geométricos (linhas, sombras, padrões) como protagonistas da imagem.
  • Explore a bidimensionalidade: evite profundidade de campo e favoreça composições mais “planas”, como cartazes.
  • Incorpore tipografia ou texturas à imagem, criando uma interação entre palavra e forma.

Por que o Cubismo ainda é relevante?

O Cubismo foi um divisor de águas. Ele não apenas rompeu com o modo clássico de representar o mundo, mas também abriu as portas para o abstracionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. Suas ideias influenciaram artistas, arquitetos, designers e fotógrafos em várias partes do mundo.

Mais do que um estilo visual, o Cubismo é uma forma de pensar a imagem como algo criado, e não apenas capturado.

Conclusão

O Cubismo revolucionou a forma como a arte representa a realidade, ao romper com a perspectiva tradicional e explorar a decomposição de formas em múltiplos ângulos. Iniciado por Pablo Picasso e Georges Braque, o movimento abriu caminho para a arte abstrata e para diversas correntes da arte moderna. Com sua abordagem analítica e inovadora, o Cubismo influenciou não apenas a pintura, mas também a escultura, o design, a arquitetura e até o pensamento visual contemporâneo. Ao destacar a estrutura e a construção da imagem, o movimento transformou a maneira como vemos o mundo e consolidou-se como um dos pilares fundamentais da arte do século XX.

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